Como diz Lya Luft: Um terço do nosso dia transcorremos suando e sofrendo muito além do recomendado em academias: não para ser saudáveis, mas para estar em forma, enquanto a alma passa uma fome danada e o tempo passa, a vida encolhe, nós nos desperdiçamos perseguindo modelos impossíveis e burros.
Assim como fazemos ridículos regimes para emagrecer, fazemos ridículos papéis na vida.
Em nome de um amor chegamos ao ponto mais baixo de nosso âmago, corremos atrás de uma felicidade que não existe, como a estória da borboleta, quanto mais se corre atrás mais ela voa, se ela tiver que ser sua ela pousa em seu ombro, e se você correr muito e agarrar de forma errada correm o risco de sufocar e matar.
Tudo na vida é necessário equilíbrio.
Na saúde, no amor, com os amigos, no trabalho, no dinheiro.
Muito atrapalha, sufoca. Pouco, falta.
Desequilibra.
Está difícil, meu peito dói.
Acho que é meu desequilíbrio hormonal que me deixa assim, uma tristeza imensa.
Perco o sono, mas não a fome.
Perco os amigos, devolvo os presentes, deixo a minha alma sangrando, mas continuo em pé.
Tem um pensamento que gosto meio dito por mim que diz assim: A gente só levanta do chão porque caiu, e se a gente caiu e conseguiu levantar é porque tem forças pra recomeçar. Uso muito para dar força para as pessoas que estão tristes, e sofrendo.
Quando estou triste eu migro, como os pássaros.
Vou para um lugar onde já fui feliz, encontrar amigos que lá deixei. Encontrar a paz, tentar rever no passado algo que me faça não errar tanto no presente.
Fico dias por lá parada, meditando, encarando meus medos e meus fracassos.
Depois revigorada volto a caminhar livremente.
Volto andando para aproveitar a minha liberdade, sentindo a brisa, sorrindo enquanto encontro rostos amigáveis. Não sei se é a brisa ou as lembranças, mas uma lágrima escorre em meu rosto, deixo cair, minha alma precisa chorar...
Myrian Benatti