quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Paixão


Tinha acabado de sair do banho e percebera que a toalha estava no varal secando, como fazer? Tinha que sair e ir buscar, não podia ficar assim molhada.

Ela andou pela casa nua, seu corpo esbelto com curvas acentuadas deixava qualquer pessoa maravilhada.

Seus seios eram perfeitos, médios.

Suas pernas compridas e uma cintura de dar inveja a qualquer mortal.

Ela foi andando pela casa completamente nua.

O vizinho olhava maravilhado esse caminhar, esse bumbum, esse corpo escultural.

Não agüentou e bateu na porta da vizinha.

Ela disse que não podia atender,

Ele disse: tenho a toalha...

E não é que ele tinha mesmo?

Ela então abriu a porta e ele entrou.

Mas deixou bem claro sua intenção, mesmo porque seu corpo já demonstrava toda a excitação que estava por tão bela mulher.

Ela percebeu, mas se fez de desentendida.

Agradeceu a toalha e foi para o quarto se trocar, ele também se fez de desentendido e tirou a roupa.

Seu corpo todo era só desejo.

Desejo por ela.

Desejo de tocar aquele corpo,

beijá-la,

penetrá-la.

Não era penetrar só pelo sexo, era pelo desejo, pelo amor.

Suas mãos começaram a tocar seus cabelos sedosos e longos, beijar a orelha e seus olhos. Sempre ouviu dizer que beijar os olhos era como dizer amo você. E ele a amava.

Beijou seus seios e chupou-o com saciedade, precisava saciar todos os seus desejos, ela estava aí como se sempre soubesse que ele viria para amá-la, seu corpo se contorcia pelo prazer que estava sentindo.

Ela sorriu e se entregou àquela paixão.




Myrian





http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/2661120

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mestre, meu mestre querido!




Mestre, meu mestre querido!
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?

Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada.
Alma abstracta e visual até aos ossos,
Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo,
Refúgio das saudades de todos os deuses antigos,
Espírito humano da terra materna,
Flor acima do dilúvio da inteligência subjectiva...

Mestre, meu mestre!
Na angústia sensacionista de todos os dias sentidos,
Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser,
Eu, escravo de tudo como um pó de todos os ventos,
Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim!

Meu mestre e meu guia!
A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou,
Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente,
Natural como um dia mostrando tudo,
Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
Meu coração não é nada,
Meu coração está perdido.

Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu.
Que triste a grande hora alegre em que primeiro te ouvi!
Depois tudo é cansaço neste mundo subjectivado,
Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas,
Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas,
Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente.
Depois, tenho sido como um mendigo deixado ao relento
Pela indiferença de toda a vila.
Depois, tenho sido como as ervas arrancadas,
Deixadas aos molhos em alinhamentos sem sentido.
Depois, tenho sido eu, sim eu, por minha desgraça,
E eu, por minha desgraça, não sou eu nem outro nem ninguém
Depois, mas porque é que ensinaste a clareza da vista,
Se não me podias ensinar a ter a alma com que a ver clara?
Porque é que me chamaste para o alto dos montes

Se eu, criança das cidades do vale, não sabia respirar?
Porque é que me deste a tua alma se eu não sabia que fazer dela
Como quem está carregado de ouro num deserto,
Ou canta com voz divina entre ruínas?
Porque é que me acordaste para a sensação e a nova alma,
Se eu não saberei sentir, se a minha alma é de sempre a minha?

Prouvera ao Deus ignoto que eu ficasse sempre aquele
Poeta decadente, estupidamente pretensioso,
Que poderia ao menos vir a agradar,
E não surgisse em mim a pavorosa ciência de ver.
Para que me tornaste eu? Deixasses-me ser humano!

Feliz o homem marçano,
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada.
Que tem a sua vida usual,
Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio.
Que dorme sono,
Que come comida,
Que bebe bebida, e por isso tem alegria.

A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação.
Libertaste-me, mas o destino humano é ser escravo.
Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir.



15-4-1928
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).
- 31.

sábado, 27 de março de 2010

Dores Internas




Caro amigo, a maioria dos meus contos eu escrevo com o coração, mas alguns eu tiro da imaginação que todo escritor tem, escrevo um pouco da minha verdade real, outro daquela que eu gostaria e muito das mentiras que nunca serão verdades.


Se alguma encaixa em você com certeza é porque de tudo o que se lê, um pouco da carapuça é verdade.


Começo escrevendo assim para falar da perda, do luto virtual, da tristeza em geral.


Dizem que a lágrima é uma gota que transborda da alma de quem está triste, ela cai pelo lado interno porque é a parte que mais sente a dor.


Tive perdas reais, não de mortes reais, mas da morte da amizade, das perdas da amizade reais, ao longo dos anos.


Amigas que perdi contato, amigas que perdi a confiança, amigos que foram embora para sempre.


Meu amigo virtual morreu.


Tenho saudades das tardes que conversava ora na varanda, ora na sacada, sobre a existência da vida; ou dos encontros furtivos à noite quando nossa imaginação permitia das mensagens online, presentes reais.


A morte nos leva a indagar se somos importantes de fato a alguém.


O que resta depois?


Lembranças?


Saudades?


Ou apenas a lágrima que cai silenciosamente?


Quando escrevo sobre essas perdas, e olhe que sempre escrevo é porque ela ainda dói e sinto a falta da presença do ser que se foi.


Mesmo que tenha sido sofrido, mesmo que tenha sido com dores, porque em algum momento, em algum ponto da vida estas pessoas, virtuais ou reais me fizeram chorar de alegria, fizeram que minhas lágrimas caíssem com sorrisos molhando meu rosto de uma forma que eu gargalhasse.


A você que foi embora seja você quem for um dia será apenas uma lembrança.


Um dia nem lágrima cairá, apenas meus olhos descansarão na imensidão do horizonte em encontro ao infinito.

Myrian Benatti

"Desejo tudo e nada: tudo que te faça feliz e nada que te faça sofrer."





A filosofia, para muitos, é vista como algo distante e problemática. Até dizem “ser coisa de louco”; Quem a estuda parece não ficar com a cabeça certa no lugar. Estes são os conceitos dados do conhecimento popular à filosofia e aos que ela estuda. Logo parece que ela apenas se preocupa em mexer com as palavras, discursos e nada de concreto se pode constatar. Este modo de pensar fruto de nosso tempo camufla a verdadeira reflexão que a filosofia pode oferecer. Onde está mesmo a filosofia em nosso saber popular? No dia-a-dia das pessoas?
Certa vez uma pessoa parabenizando a sua amiga, aniversariante do dia, em um programa de rádio, expressava seus sentimentos justamente com esta frase: “Desejo tudo e nada: tudo que te faça feliz e nada que te faça sofrer.” Ora, mas como não admitir que a filosofia não esteja presente no dia-a-dia das pessoas? No entanto, é interessante refletir um pouco sobre esta frase.
Olha! Desejar é um ato de sair de si mesmo. É emprestar um pouco do que se tem e oferecer ao outro. O tudo é a soma das coisas que estão no alcance do outro. É o intermediário entre as duas pessoas em diálogo. O nada, por sua vez, é a ausência do todo, do tudo. Se vamos à casa de uma família carente e perguntamos o que ela tem, naquele dia para comer, dependendo da situação do momento, ela pode responder: não temos nada! Portanto, o nada é, em síntese, a carência de algo para ser preenchido. É o vazio.
O desejar é, então, me lançar para o outro, sendo eu mesmo, mas doando o meu desejo. Ele passa a ser vivido pelo outro que acolhe. Este em uma atitude humilde passa a vivê-lo. Houve, pois, a junção dos desejos, mas não só isso, aquele que recebe também estava vazio porque obrigou em seu recinto o outro, o tudo.
Mas aparentemente pode surgir uma contradição: como pode desejar tudo e, ao mesmo tempo, nada? A resposta deve ser dada na mesma linha de reflexão à cima. O tudo, filosoficamente, não é oposto do nada e o nada não é o contrário do tudo. Porque o tudo é infiltrado no nada, assim como a quentura está penetrada no fogo. O tudo ganha forma dentro do nada, torna-se, contudo, o núcleo do vazio.
O nada na sua atitude passiva espera ser alimentado. É o recipiente que, vazio espera ser preenchido. É a bacia vazia que ao enchê-la dá “forma corporal” à água. Com outras palavras, é como o espelho que reflete a imagem diante de si. Ela penetra no ângulo total do mesmo, mas não consegue preenchê-la completamente, aos lados, porém, permanece o vazio, o nada.
Todavia, na frase há dois adjetivos adverbiais que qualificam o tudo e o nada: “Tudo que te faça feliz”. Pois bem! A felicidade é a plenitude do todo. É a coroa do possuir tudo. Todos os desejos foram realizados, logo se tem tudo. Por outro lado, temos o complemento da frase: “e nada que te faça sofrer”. Como o vazio pode se torna a fonte do sofrimento? Basta olhar para uma pessoa que está tristonha e perguntar o que ela tem? Imediatamente responde ela: nada! Por isso, o nada é o amargo do não possuir o tudo. É não participar da alegria do todo nem da plenitude da felicidade. Por esta razão, se faz necessário desejar a você, caro leitor, “tudo e nada: tudo que te faça feliz e nada que te faça sofrer”, só assim você está emprestando seu nada, seu vazio, para ser preenchido com o tudo das palavras que agora você leu.




* Wagner Carvalho é seminarista na cidade de Teresina - Piauí
a imagem foi pintada por Myrian Benatti

domingo, 7 de março de 2010

A ARTE DE ESTAR SÓ


O estar consigo mesmo é uma arte, uma descoberta, uma aceitação.
A solidão só é dolorida, amarga quando o outro necessita de companhia, estar só e gostar de estar só é aceitar estar em companhia de si mesma.
Ler um livro, arrumar uma gaveta, qualquer atividade que faça em companhia de si na liberdade é uma dádiva.
Aprendi a gostar de ficar comigo mesma.
Tomar um chá, ou um bom café bem quentinho enquanto escrevo, ou mesmo enquanto leio um bom livro.
Caminhei uma longa estrada para conquistar esse sentimento, não da solidão, mas do amor por mim.
Em outros tempos procurava companhia em qualquer canto apenas pra não ficar sozinha, até compreender que eu poderia ser minha melhor amiga.
Também não me tornei uma eremita, tenho bons amigos.
Amigos ainda é a ponte entre a solidão e o amor.




Myrian Benatti

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

RIR OU CHORAR...


Rir ou chorar,
Nem sempre é uma escolha,
São sentimentos,
Às vezes de perda,
Às vezes de conquistas.
Choramos e rimos até mesmo pelas duas coisas.
Mas jamais rimos das tristezas.
Ela entra em nossa alma e nos consome.
A alegria vem pra limpar o que a tristeza deixou...



Myrian Benatti

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

MALANDRO


Dizem que se for mexer num lixo tem sempre que fazer com luvas pra não sujar as mãos, tem razão quem diz estas sábias palavras.
Também ao se relacionar com algumas pessoas deve-se tomar cuidado, ver a procedência, ver o caráter, estudar os comportamentos, pra que um dia não tenha a surpresa de ter amizade com pessoas de má índole.
Tem aquele ditado que lobos se vestem em pele de cordeiro pra se misturar com as ovelhas e por tanto tempo se fantasia que se esquece que é lobo, mas o instinto um dia fala mais alto e ele acaba matando o rebanho.
Infelizmente não têm como saber quem é bom ou não neste mundo, as pessoas mudam de acordo com o stress.
Já foi o tempo em que o sujeito só era malandro na poesia, no boteco e no violão, na música e no pé do samba.
Hoje se encontra na rua, em todos os lugares...


Myrian Benatti

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

MULTIFACES DE EVA




Pensa nas multifaces de Eva, ela veio ao mundo por uma costela de Adão, coitado por causa disso ele dispôs de uma parte de si pra doar a alguém, logo o homem que é tão egocêntrico precisou dividir pra ganhar em curto prazo uma companheira.
A partir daí ela precisou ouvir eternamente que era subjugada a ele.
Sua sombra.
Iria lavar cozinhar, arrumar a casa, cuidar dos filhos que viriam arrumar o jardim do Éden, etc., etcetera...
Era preciso fazer algo, e logo.
Viu uma maçã lá no alto da árvore, e uma cobra como amiga, às vezes era preciso se aliar ao inimigo por uma causa em comum, pensou ela.
A cobra cochichou e cochichou no ouvido de ambos, palavras fortes e convincentes, ambos caíram como patinhos, cada um pensando em como ia ganhar do outro.
Perderam.
Perderam a boa vida que tinha vivendo naquele Jardim sem fazer absolutamente nada, sem pensar, sem trabalhar, nada.
A partir daí a D. Eva se ferrou mais ainda, e o Sr Adão teve que mexer suas pernas e trabalhar também.
Ambos ganharam uma liberdade.
O homem de algum modo ainda ficou subjugando a mulher por um bom tempo.
Era preciso libertar-se, multiplicar.
Era necessário ter várias faces.
A mulher é a única que consegue facetear para conseguir o que quer sem pestanejar.
Ela seria mãe, mulher, amante, filha, profissional e até poderia deixar que o homem pensasse que ela fosse fraca.
Ela era a nova Eva ou mesmo a Amélia, ou então Joana D’Arc., ou qualquer mulher que tivesse feito a história, poderia ser também uma Maria qualquer, uma Josefa, uma Zinha, mas era Mulher.
Podia ser dona de casa a médica.
Varredora de rua a passista de samba.
Só era necessária uma coisa.
Coragem.
E coragem é algo que não faltou a uma mulher,
Ela é forte, e companheira.
Pode ter sido durante séculos sombra de um Adão qualquer, mas hoje ela é companheira.

Não escreverei que na frente de um grande homem tem uma grande mulher.
Direi que ao lado de uma grande mulher tem um homem.
Porque hoje para se ter equilíbrio os dois tem que estarem caminhando juntos.

As multifaces de Eva são levadas em todos os lugares, até mesmo aqui.
Na poesia.
Na internet.
Na vida.



Myrian Benatti

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Máscara


Todo ser humano tem uma máscara escondida pra um dia poder usar.
Nós mulheres usamos pinturas no rosto para embelezarmos, é uma máscara.
Muitas vezes precisamos sorrir quando nossa alma chora, também é uma máscara.
A máscara serve pra proteger os sentimentos que tentamos esconder.
Muitas vezes somos falsos, mas precisamos mostrar uma imagem de pessoas centradas para conquistar e abocanhar a presa, como uma aranha que precisa de sua teia. Também usamos a máscara da falsidade.
Um dia todas elas caem.
Pelo motivo de não sustentar muito tempo no rosto de uma pessoa.
Existe uma máscara que não cai.
A máscara perfeita.
As máscaras perfeitas um dia penetrarão tão forte dentro de uma pessoa que pra retirarem será impossível.
Aí as pessoas terão que usar máscaras reais pra colocar em cima daquela que penetrou.
Os olhos são a única verdade.
Nem mesmo as palavras podem substituir o que os olhos dizem.
As palavras ferem muito.
As palavras também são mascaradas pelas frases de amor ou de ódio.
Os olhos não.
Os olhos não mentem.






Myrian Benatti

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PARA ONDE VOU?


Pra onde vou?
não sei
e por que as pessoas precisam saber
para onde vão?
eu vou pra qualquer lugar
vou por aí,onde quer que haja uma flor,uma estrela,um pedaço de nuvem..
onde quer que haja alguém
que saiba ler dentro de mim
que não saiba de onde vim
nem me faça perguntas... para onde vou?
vou pra qualquer lugar
onde haja sorrisos
e lagos serenos
campos de alfazema
beiras de narcisos...
se queres vir comigosó te peço silêncio
não espante as borboletas do caminho
e não perguntes nunca
para onde estou indo...


MARIZA ALENCASTRO

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Colorado, Paraná, Brazil
Sou poesia,sou procura, sou ilusão.