Caro amigo, a maioria dos meus contos eu escrevo com o coração, mas alguns eu tiro da imaginação que todo escritor tem, escrevo um pouco da minha verdade real, outro daquela que eu gostaria e muito das mentiras que nunca serão verdades.
Se alguma encaixa em você com certeza é porque de tudo o que se lê, um pouco da carapuça é verdade.
Começo escrevendo assim para falar da perda, do luto virtual, da tristeza em geral.
Dizem que a lágrima é uma gota que transborda da alma de quem está triste, ela cai pelo lado interno porque é a parte que mais sente a dor.
Tive perdas reais, não de mortes reais, mas da morte da amizade, das perdas da amizade reais, ao longo dos anos.
Amigas que perdi contato, amigas que perdi a confiança, amigos que foram embora para sempre.
Meu amigo virtual morreu.
Tenho saudades das tardes que conversava ora na varanda, ora na sacada, sobre a existência da vida; ou dos encontros furtivos à noite quando nossa imaginação permitia das mensagens online, presentes reais.
A morte nos leva a indagar se somos importantes de fato a alguém.
O que resta depois?
Lembranças?
Saudades?
Ou apenas a lágrima que cai silenciosamente?
Quando escrevo sobre essas perdas, e olhe que sempre escrevo é porque ela ainda dói e sinto a falta da presença do ser que se foi.
Mesmo que tenha sido sofrido, mesmo que tenha sido com dores, porque em algum momento, em algum ponto da vida estas pessoas, virtuais ou reais me fizeram chorar de alegria, fizeram que minhas lágrimas caíssem com sorrisos molhando meu rosto de uma forma que eu gargalhasse.
A você que foi embora seja você quem for um dia será apenas uma lembrança.
Um dia nem lágrima cairá, apenas meus olhos descansarão na imensidão do horizonte em encontro ao infinito.
Myrian Benatti
Myrian Benatti